Historic Endurance animou a grande festa do Algarve Classic Festival
- Race Ready
- há 1 dia
- 8 min de leitura

Com uma lista de inscritos recorde de 76 carros, o Iberian Historic Endurance separou o seu pelotão em duas grelhas de partida para a edição de 2025 do rejuvenescido Algarve Classic Festival no Autódromo Internacional do Algarve.
Na “montanha russa” algarvia, o plateaux do Iberian Historic Endurance 1 foi composto pelas classes Gentleman Driver Spirit (GDS), H-1965 e GTP & Sportscar (GTP & SC) até 1965, ao passo que a grelha de partida do Iberian Historic Endurance 2 foi pelos carros das classes H-1971 e H-1976.
A aposta foi a mais acertada, com o fim de semana a saldar-se por quatro corridas animadas, todas elas com uma dinâmica diferente, que consagrou diferentes vencedores.

IHE1 - Corrida 1
Um Cobra dançou no molhado
O plateau do Iberian Historic Endurance 1 foi o primeiro a aventurar-se em pista na sexta-feira do evento, para a sessão única de qualificação. Paulo Lima, desta vez acompanhado por Ricardo Pereira, ao volante do Ford GT40, fixaram o melhor tempo entre as quatro dezenas de carros presentes nesta grelha, no animado duelo pela pole-position da primeira corrida de cinquenta minutos, superando Carlos Barbot e Pedro Bastos Rezende (Merlyn MK4) e Olivier Muytjens e Brice Pineau (Ford GT40).
Na manhã de sábado, os belíssimos carros da década de 1960 alinhavam-se na grelha de partida quando a chuva se fez sentir com força nas proximidades da Serra de Monchique. Esta inesperada aparição matinal alterou a dinâmica do pelotão de mais de quarenta viaturas construídas até 1965, o primeiro a competir no segundo dia do evento. A dupla neerlandesa Chris Chiles Jr e Bas Jansen, ao volante do AC Cobra, adaptou-se melhor às condições traiçoeiras da pista, vencendo com autoridade a vitória e na classe H-1965.
Paulo Lima e Ricardo Pereira (Ford GT40) lideraram as primeiras três voltas da corrida, mas não conseguiram travar o ímpeto dos futuros vencedores. Mesmo isolados na frente, e perante o desafio das dobragens a concorrentes mais lentos, Chris Chiles Jr e Bas Jansen nunca se intimidaram com as condições da pista e imprimiram um ritmo impressionante, mantendo o controlo absoluto até à bandeira de xadrez.
Numa corrida que exigiu plena concentração, a dupla da RP Motorsport teve também motivos para celebrar, ao conquistar a vitória entre os concorrentes da classe GTP & SC. Se para Paulo Lima este foi mais um troféu a acrescentar à já vasta coleção que tem vindo a amealhar ao longo dos anos, para Ricardo Pereira tratou-se da primeira vitória ao volante do GT40 e logo na sua estreia, tornando o momento igualmente especial.
O duo britânico Richard McAlpine/Nigel Greensall (Ford Falcon Sprint) completou o pódio da classe H-1965, superando os AC Cobra de Ian Stinton/Tony Wood e o Shelby Cobra de Damien Kohler/José da Rocha. O melhor do pelotão ibérico foi o regressado Carlos Cruz, que levou o seu Jaguar E-Type ao oitavo lugar, numa demonstração de experiência e consistência.
Entre os lugares cimeiros da classe GTP & SC, João Mira Gomes e Nuno Afoito levaram o seu Lotus Seven ao segundo lugar, enquanto o inglês Alex Collins, radiante com a posição obtida, completou o pódio ao volante de um Ford GT40, numa corrida que marcou a sua segunda participação em provas de automobilismo.
Na classe GDS, assistiu-se a um domínio britânico absoluto. Jeff Smith, ao volante do Austin Mini Cooper S, manteve na corrida a toada fortíssima já demonstrada na qualificação, vencendo destacadamente. Para os menos atentos, o andamento espectacular do piloto inglês justifica-se pelas seis épocas no BTCC e pódios no Campeonato Britânico de GT. Para a categoria dos carros menos potentes, o segundo lugar coube a George Grant e Nick Rutter, em MGB, enquanto Daniel Wheeler completou o pódio, também em Mini Cooper S.

IHE1 - Index de Performance
Vitória do Cortina Lotus e relógio para Rui Bevilacqua
João Macedo Silva e Rui Macedo Silva, ao volante do Ford Cortina Lotus, foram os melhores do contingente ibérico na classe GDS, terminando na sexta posição, mas o experiente duo português brilhou na classificação do Index de Performance, repetindo o êxito que já haviam alcançado no Algarve Iberian Racing Festival no mês de Abril.
Contudo, como o relógio oferecido pela Cuervo y Sobrinos não pode ser atribuído à mesma dupla na mesma temporada, coube a Rui Bevilacqua e Nuno Veiga, em Alfa Romeo Giulia Ti, os segundos classificados levar para casa o cobiçado modelo da prestigiada marca suíça de alma latina. Luís Sousa Ribeiro, também ele um ex-vencedor do Index de Performance e dono de um cobiçado exemplar da Cuervo y Sobrinos, foi o terceiro classificado no seu Ford Cortina Lotus.

IHE2 - Corrida 1
GT40 confirma favoritismo
O programa do Iberian Historic Endurance 1 prosseguiu durante a tarde, com o segundo confronto em pista. Desta vez, já com o asfalto seco e uma assistência numerosa no recinto do circuito de Grau 1 da FIA, Paulo Lima/Ricardo Pereira, a partir da primeira linha da grelha, não deixaram escapar a vitória, repetindo o triunfo na classe e liderando o pelotão durante as vinte voltas da corrida.
A prova esteve longe de ser monótona, sobretudo entre os H-1965, onde não faltaram disputas intensas num pelotão numeroso, que por duas vezes foi reagrupado pelo Safety-Car. Chris Chiles Jr/Bas Jansen tiveram forte oposição de Ian Stinton/Tony Wood na luta pela vitória, mas, no final, os neerlandeses voltaram a impor-se, cruzando a meta com quatro segundos de vantagem sobre o Shelby Cobra de Damien Kohler/José da Rocha. Seguiram-se, na classificação, outro Shelby Cobra, de Armand Adriaans, e o Jaguar E-Type de Laurens Jaspers, piloto que também se destacou no Estoril Classics.
Olivier Muytjens e Brice Pineau, que haviam desistido na primeira corrida devido a um pião, conquistaram o terceiro lugar desta vez, garantindo ainda o segundo posto entre os GTP&SC, num dia em que participaram em quatro corridas. O pódio foi completado por Alex Collins, ao volante de um GT40 assistido pela Martin Stretton Racing, que conseguiu distanciar-se de João Mira Gomes e Nuno Afoito, quartos classificados, e de Carlos Barbot e Pedro Bastos Rezende, quintos, na prova de estreia de Bastos Rezende ao volante do pequeno protótipo inglês.
Na classe GDS, Jeff Smith somou o segundo triunfo do fim de semana, colocando o seu Austin Mini Cooper S no 16.º lugar da geral, à frente de carros bem mais potentes e competitivos. Daniel Wheeler, também em Mini Cooper S, terminou desta vez no segundo posto, enquanto Hugh Lafferty e Rob Cull - este último que horas antes haviam vencido a primeira corrida da Carrera 80 - assinaram uma boa exibição no MGB Roadster, terminando em terceiro. Michael Boyle, em MG B, e Luís Sousa Ribeiro completaram o Top 5.

IHE2 - Corrida 1
Emoção até à última volta
A qualificação de sexta-feira do Iberian Historic Endurance 2 ditou que o Chevrolet Corvette L88 de Pedro Bethencourt, desta vez acompanhado pelo consagrado Mário Silva, largasse da primeira posição da grelha de partida para a primeira corrida do programa. Atrás do “monstro americano” qualificaram-se o Porsche 911 3.0 RS de Carlos Brízido, que neste fim-de-semana voltou a ser partilhado pelo regressado João Pina Cardoso; o Porsche 911 3.0 RS de Bruno Duarte/Filipe Jesus; e o Porsche 911 2.5 ST de Piero dal Maso/Guilhermo dal Maso/José Carvalhosa, os melhores entre os H-1971.
Ao início da tarde, já com muito público nas bancadas interiores do circuito, as duas dezenas de carros deste plateau arrancaram a fundo para uma corrida animada. O Corvette da Aurora Motorsport foi o primeiro líder da prova; contudo, dificilmente seria possível converter o forte andamento num bom resultado, pois, devido ao maior consumo do carro, este teve de reabastecer na paragem obrigatória nas boxes, perdendo assim preciosos minutos para a concorrência directa.
À oitava volta, o Porsche preparado pela Mr Auto, de Carlos Brízido e João Pina Cardoso, assumiu a liderança da corrida. Todavia, com as paragens nas boxes ainda a decorrer, os andaluzes Rafael Sánchez e Eduardo Sánchez, em Porsche 911 3.0 RS da Garagem Aurora, ficaram momentaneamente na frente, até que a poeira assentou e Brízido e Pina Cardoso recuperaram a posição que lhes pertencia. Porém, à 13.ª volta, a corrida do Porsche vermelho e branco terminava prematuramente.
O Porsche de Bruno Duarte e Filipe Jesus, que seguia logo atrás, saltou então para a liderança que foi ampliando a vantagem ao longo das sete voltas seguintes, rumo ao segundo triunfo da temporada desta dupla no Autódromo Internacional do Algarve.
Com uma corrida “limpa”, o inglês Robin Ellis levou o seu Porsche 911 2.8 RS, assistido pela JWA Racing — equipa que já participou no Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) — ao segundo posto dos H-1976. O terceiro lugar entre os concorrentes desta categoria ficou para uma dupla “estreante”, formada por Pedro Melo e Carlos Graça, num Ford Escort RS2000.
Numa corrida plena de interesse, Filipe Nogueira foi o terceiro a ver a bandeira de xadrez e o primeiro classificado na classe H-1971, alcançando assim o seu primeiro triunfo no Historic Endurance. Filho de Joaquim Filipe Nogueira, renomado piloto português das décadas de 1950 e 1960, Filipe repetiu o apelido de glória no automobilismo nacional. Contudo, o triunfo do Ford Escort RS1600 da Best Lap Garage apenas se confirmou nos derradeiros momentos, quando o então líder, Manuel Domingues, que vinha a realizar uma corrida exemplar, ao ponto de se aproximar perigosamente do Porsche líder da prova, viu o seu Ford Escort RS1600 imobilizar-se na pista a menos de três minutos do fim.
A entusiasmante luta pelo segundo lugar da classe H-1971 prolongou-se até à mostra da bandeira de xadrez, com os germânicos Björn Ebsen e Volker Hichert, em Alfa Romeo GTAm, a superarem a dupla pai e filho José Rueda e Pablo Rueda, em Ford Capri 2600 RS. Os dois carros cortaram a linha de meta lado a lado, separados por seis cêntimos de segundo.

IHE2 - Corrida 2
Um vencedor diferente
Na partida da última das corridas do Iberian Historic Endurance do fim de semana, o Ford Capri 2600 RS de José Rueda e Pablo Rueda, saído da segunda linha da grelha de partida, fez falsa partida, que seria mais tarde penalizada pelos comissários desportivos, e assim assumiu provisoriamente a liderança da corrida na primeira volta. Na volta seguinte, já o Porsche 911 2.8 RSR de Jean-Jacques Renaut encabeçava o pelotão. Contudo, à terceira passagem, na frente já se ouvia o “ronco” motor V8 do Corvette de Pedro Bethencourt e Mário Silva, que em duas voltas e meia realizou dezassete ultrapassagens. A agitação das várias lutas e trocas de posições no meio pelotão seria interrompida por um breve período de Safety-Car.
Com as paragens nas boxes, o Porsche 911 2.8 RSR de Jean-Jacques Renaut regressou à primeira posição e a sua primazia não seria mais beliscada até ao final da corrida, no primeiro triunfo do piloto francês no Historic Endurance e da classe H-1976.
Bruno Duarte e Filipe Jesus não conseguiram repetir a vitória de sábado, mas obtiveram um excelente segundo lugar, ao passo que Robin Ellis repetiu a performance e terminou no terceiro lugar.
Na H-1971, Björn Ebsen e Volker Hichert, em Alfa Romeo GTAm, lideraram grande parte da corrida, mas um “Drive Through”, devido a uma penalidade fruto do incumprimento do tempo de pit-stop, colocou-os fora de contenda. Rafael Cerveira Pinto e Carlos Dias Pedro, também eles em Alfa Romeo GTAm, não desperdiçaram a oportunidade para agarrar a primeira posição e assim selarem um triunfo igualmente merecido.
O segundo lugar da classe H-1971 ficou na posse de Piero dal Maso/Guilhermo dal Maso/José Carvalhosa, que com este resultado cimentaram a sua liderança no “1000 km Trophy”. E na última posição do pódio acabou por pertencer Pedro Bethencourt e Mário Silva, que coroou um fim de semana em que o Corvette se destacou em pista.
O Historic Endurance regressa no Estoril Endurance Festival para a sua prova de encerramento da temporada — os tradicionais 250 km do Estoril — a disputar-se no fim-de-semana de 29 e 30 de Novembro, no Autódromo do Estoril. Espera-se uma grelha de partida novamente esgotada para esta clássica corrida de resistência, que tradicionalmente assinala o encerramento da época desportiva.




Comentários